Visão de um especialista

Médico e psicoterapeuta Dr. Geraldo Possendoro comenta, no programa "Espaço Aberto Saúde", a relação das chamadas "Doenças Psicossomáticas" com o stress.

Dica de Filme

Dirigindo no Escuro - Woody Allen (2003)

   Em "Dirigindo no Escuro", Val Waxman (Woody Allen) é um diretor de cinema que fez muito sucesso no passado, inclusive ganhando dois prêmios Oscar, mas que agora vive no ostracismo. Ele não convidado para um trabalho há muito tempo, desde que não conseguiu concluir um filme devido a um colapso nervoso durante filmagens. Ellie (Téa Leoni), ex-esposa de Val, que o havia abandonado para viver com um executivo de Hollywood, sugere seu nome para dirigir o novo filme de seu namorado e Val. Durante a reunião, Val fica muito ansioso, mas acabam chegando a um acordo, ele, finalmente, voltará a dirigir um filme. Pouco antes do inicio das filmagens, no entanto, liga para o seu agente relatando que, de repente, havia ficado cego. Diz que, ao chegar em casa, estava nervoso, mas foi dormir. Entretanto, quando acordou, não enxergava mais nada. Observa-se, a partir desse relato, um início abrupto, como costuma ocorrer no transtorno conversivo. Após ficar cego, Val consulta vários médicos, que nada constatam nos exames, porém um deles diz que sua cegueira é "psicossomática" e recomenda psicoterapia.

   Val começa a dirigir o filme tentando esconder de todos que está cego. Durante as filmagens, está sempre esbarrando nas coisas. Em um corredor, o diretor choca-se com um homem que carrega um enorme espelho. Na sequência, cai de um lugar alto e machuca a cabeça. Em um hotel, enquanto conversa com o executivo do estúdio, esbarra nos móveis e derruba um copo no chão. As cenas são engraçadas, mas inverossímeis do ponto de vista clínica. Na cegueira histérica, o individuo continua a ver normalmente, já que o reflexo fotomotor está preservado, mas não tem consciência disso, acreditando que está, de fato, cego. Como a visão está normal, os objetos do ambiente ainda são percebidos, permitindo que desvie deles. No final do filme, depois de reconquistar o amor de Ellie, a visão de Val, de repente, volta ao normal, em um momento em ambos estão juntos, sentados em um banco no Central Park.

Fonte:http://books.google.com.br/books?id=Hob30slh-eQC&pg=PA140&lpg=PA140&dq=filmes+psicossom%C3%A1tica&source=bl&ots=ouE-CRwTQd&sig=-ironJsNLW6GvpYC6eOL5CKDjnM&hl=pt-BR&sa=X&ei=Zn1MU9GLJ9PQsASatoDYBA&ved=0CCwQ6AEwADge#v=onepage&q=filmes%20psicossom%C3%A1tica&f=false (Livro: Cinema e Loucura: Conhecendo transtornos mentais através dos filmes - Autor: Jesus Landeira Fernandez)

Doença Psicossomática: Sintomas Comuns

     A somatização ocorre de uma forma muito subjetiva ou seja, varia de pessoa para pessoa. Algumas pessoas têm dificuldade em expressar seus sentimentos e necessidades, e isso vai causando angustia, ansiedade, raiva, irritabilidade, humor depressivo, fobias, enfim, todo sofrimento emocional que debilita a pessoa como um todo.

  Veja os  sintomas mais comuns de quem sofre de uma doença psicossomática:

- Distúrbios respiratórios: asma, rinite;

-Distúrbios do aparelho digestivo/excretor: gastrite, úlceras, 
diarreia, enjoos, prisão de ventre;

- Doenças da pele (psoríase, alopecia);

-Doenças das articulações (“juntas”) e musculares: artrite reumatoide ,tensão muscular;

- Distúrbios endócrinos: hipotireoidismo, diabetes;

-Doenças cardiovasculares: hipertensão arterial, taquicardia, dor no peito;

- Distúrbios do aparelho reprodutor feminino: (amenorréia), frigidez;

- Distúrbios do sono (hiposonia);

  Com um tratamento psicológico adequado, o paciente aprende a controlar a mente e consequentemente os sintomas físicos desaparecerão, e na maioria das vezes sem a necessidade de tratamento farmacológico.

Surgimento da Psicossomática

  O termo Psicossomática surgiu a partir do século passado, depois de séculos de estruturação, quando Heinroth criou expressões psicossomática (1918) e somatopsíquica (1928) distinguindo os dois tipos de influências e as duas diferentes direções. Contudo, o movimento só se consolidou em meados deste século com Alexander e a Escola de Chicago. Porém as incertezas sobre a relação mente-corpo se expressam na própria denominação psico-somática (com hífen) ainda utilizada entre estudiosos destes fenômenos e por médicos em geral.

A Psicossomática evolui em três fases:

a) Inicial, ou Psicanalítica, com predomínio dos estudos sobre a gênese inconsciente das enfermidades, sobre as teorias da regressão e sobre os benefícios secundários do adoecer, entre outras;

b) Intermediária, ou Behaviorista, caracterizada pelo estímulo à pesquisa em homens e animais, tentando enquadrar os achados à luz das ciências exatas e dando um grande estímulo aos estudos sobre estresse;

c) Atual ou Multidisciplinar, em que vem emergindo a importância do social e da visão da Psicossomática como uma atividade essencialmente de interação, de interconexão entre vários profissionais de saúde.

  Só bem recentemente, com contribuições como as de Engel sobre a teoria geral dos sistemas, com os conceitos de Perestrello entre nós sobre a chamada Medicina da Pessoa e com a própria concepção mais recente de saúde da OMS como "equilíbrio biopsicossocial", pôde a Psicossomática assumir seu verdadeiro papel integrador e multidisciplinar, vindo a funcionar, quanto ao ensino, como as antigas cadeiras de Patologia Geral na sua possibilidade de vislumbrar o complexo jogo de causas e efeitos presentes na evolução de uma enfermidade, de um modo muito mais rico e completo.

Psicossomática, em síntese, é uma ideologia sobre a saúde, o adoecer e sobre as práticas de saúde, é um campo de pesquisas sobre estes fatos e, ao mesmo tempo, uma prática - a prática de uma Medicina integral.

Fonte: http://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=o3As2asVRwYC&oi=fnd&pg=PR4&dq=introdu%C3%A7%C3%A3o+%C3%A0+psicossomatica&ots=NQyriCQaId&sig=B5snhD0p6NSK9rFEsO1d_WTY1lg#v=onepage&q&f=false (Livro: Psicossomática Hoje - Autor: Julio Mello)